quinta-feira, 17 de junho de 2010

O Papel da Criança na Parceria Escola - Família

Entre a Familia e a Escola, a Criança Mensageira e Mensagem - Go- between de Philippe Perrenoud (2001)

Philippe Perrenoud, retrata neste texto o resultado de 10 anos de observações, onde o objecto de estudo recaiu sobre a comunicação que é feita entre a escola e a familia através das proprias crianças.
Sendo a familia e a escola "duas instituições condenadas a cooperar numa sociedade escolarizada", o autor faz uma abordagem à parte menos visivel da relação e que o autor considera "pouco explorada pela investigação". Ao fazê-lo, mostra ao leitor como a comunicação directa a partir de reuniões, contactos diários, não "se compara em densidade" com a comunicação indirecta que é feita através da criança.
Perrenoud, entende que o papel que a criança desempenha entre estes dois contextos costuma ser esquecida, mas a criança não é mais nem menos que o elemento principal, poderoso e activo que possui um papel importante entre pais e educadores/professores. E não pode ser esquecida porque é pela própria que os sistemas interagem.
O autor caracteriza o papel da criança de go-between pois esta é portadora de mensagens e, em simultâneo, pode dizer-se, é a própria mensagem pois saõ detentoras de sinais a partir dos quais pais e educadores "utilizam-na" como meio de comunicação
Ao longo do tempo a relação escola/familia tem vindo a sofrer algumas transformações. Inicialmente, era atribuido à escola maior poder e aos pais um papel mais passivo. no entanto, com a maior abertura da escola aos pais, a complexidade desta relação tem vindo a ser estudada e debatida com o objectivo de se encontrar estratégias para que esta parceria tenha qualidade. É generalizada a opinião de que quanto maior for a qualidade, maior é o "sucesso" escolar. assim esta abertura é por todos desejada.
Muitos Sociólogos, Professores, Pedagogos têm retratado esta relação. Pedro Silva, sociólogo, denomina-a de "relação armadilhada", Cristina Silva, professora denomina-a de "cooperação desconfiada". Embora as denominações sejam diferentes é notório, em ambas, as dificuldades que esta parceria encerra, ou seja, nem sempre se traçam caminhos paralelos, mas caminhos de coesão.
Penso que o facto destes dois agentes educativos terem funções idênticas mas papéis diferenciados, provoca alguma sobreposição ou mesmo responsabilização do agente oposto. Nem sempre as diferenças, o espaço e a especificidade de cada um são respeitados, nem as intervenções, de um e de outro, complementares.
Este texto na verdade, realça o papel e o contributo da criança no seio desta parceria.
Ambos os contextos precisam encontrar estartégias para educar, cuidar, socializar, desenvolver e proteger a criança. São agentes educativos diferentes mas que necessitam assumir posições complementares se quiserem desempenhar positivamente o seu papel. Têm ainda que reconhecer e contar com a criança enquanto mensageira e mensagem numa relação cooperante que devemos priviligiar.

1 comentário:

  1. Lina

    Escolheu muito bem este autor/texto para partilhar.É muito importante dar atenção a esta comunicação que é feita através da criança e á forma como ela a gere.
    Luísa Ramos de Carvalho

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