quinta-feira, 24 de junho de 2010

A Língua Gestual Portuguesa no seio da família e em parceria com a Escola


Em todos os contextos de educação de infância onde tenho sido integrada, ao longo do meu percurso académico, a relação entre a família e a escola face à criança surda não é exemplar. Não quero com isto dizer que não existem instituições que primam por estabelecer uma relação estreita com a família. Não quero de maneira alguma transmitir uma ideia generalizada face a este assunto.
No entanto, uma vez que não vivi a experiência de uma relação estreita entre a escola e a família, considero fundamental explorar a importância da consolidação desta relação.
A maioria das crianças surdas (aproximadamente 95%) nasce no seio de famílias ouvintes, sendo que na maioria destes casos, a surdez é detectada tardiamente, especialmente após os três anos de idade da criança, após o período pré-linguístico (período dos 0 aos 3 anos no qual a criança faz a aquisição das bases linguísticas à qual foi exposta). Após o diagnóstico da surdez, a família da criança surda passa por um período de adaptação à nova forma de comunicação que a criança terá. Este processo designado por Luto é essencial para a aceitação da nova condição comunicativa da criança.
Como educadora bilingue, reconheço a necessidade do trabalho que realizamos com estas crianças e as suas famílias. As consequências da rejeição da importância deste trabalho são inúmeras para o desenvolvimento da criança surda e da sua família. É através do apoio humano e comunitário que estas famílias ultrapassam o luto e a culpa associada à surdez.
Desta forma e como este pano de fundo, recomendo a leitura de um livro, Cidadania, surdez e linguagem – Desafios e realidades (2003) da autoria de Ivani Rodrigues Silva, Samira Kauchakje e Zilda Maria Gesueli.
O trabalho do educador nesta área torna-se fundamental pelo simples facto que “As crianças surdas são antes de mais crianças” (CRESAS).
Realço também a leitura da biografia de Emmanuelle Laborit no livro “O grito da Gaivota”, pois retrata as dificuldades de integração de uma criança surda no seio familiar, assim como a adaptação desta família a esta condição comunicativa, numa época em que a língua gestual não era reconhecida.
Espero que, como futuras educadoras possamos tornar realidade a prática relacional entre a família e a escola, pois os frutos desta relação farão das nossas crianças adultos conscientes cívicos numa sociedade que ainda não aceita totalmente a diferença .

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