quarta-feira, 23 de junho de 2010

Reflexão Individual - Trabalho com as Famílias e a Comunidade


Trabalho com as Famílias e a Comunidade

Uma porta escolar tem que abrir de ambos os lados.”
(Matousova, 1996, cit in. Epstein, 1998, p.494 in Magalhães, 2007, p.11)

A emergência da educação pré-escolar no quadro da participação com a família deve ser vista no sentido da colaboração, tendo em conta, a sua importância para o desenvolvimento das crianças.
O contacto diário estabelecido pela escola e a família no acolhimento da criança é extremamente necessário para que os pais e as crianças, se apercebam da importância da assiduidade, pontualidade e do cumprimento dos horários no Jardim de Infância, pois existe uma rotina com utilidade e objectivos, que deve ser valorizada e respeitada.
É muito importante que estas relações se traduzam em laços fortes, abertos, onde a família esteja à vontade para partilhar, ser ouvida, para que sinta que existe um trabalho em comum para o mesmo fim.
Tal como afirma Magalhães (2007), o modelo de colaboração que mais se adequa à família/escola, é aquele onde o tipo de participação entre pais e professores assume um modelo participativo. Este modelo reconhece que não só as famílias, e os educadores, podem contribuir para a educação da criança mas que terá que se adoptar uma colaboração, no sentido da relação entre a casa e a escola.
Do outro lado, ou seja, da escola espera-se que esta também esteja disponível para ouvir e atender as famílias. Em contrapartida, a escola e os agentes educativos, também necessitam de visibilidade e que o seu trabalho seja compreendido. E o trabalho com as famílias é
sem dúvida um passo para isso, já que todos saem beneficiados e ainda para mais, em prol do melhor para as crianças.
O educador deve aproveitar vários momentos da rotina, para fomentar as relações com as famílias e a partir daí, ser desafiador ao ponto de interessar as famílias por tudo o que se passa, e faz no contexto educativo. Tendo esse ponto de partida, promover reflexões entre e com os pais, como por exemplo, dando-lhes alguns textos ou artigos, com vista a muito mais que interessar, informá-los sobre assuntos pertinentes ligados à educação, e que podem ser partilhados pelos dois contextos.
As estratégias adoptadas pelo educador, devem ser um importante veículo condutor da prática pedagógica entre ambos os contextos, no sentido de esclarecer, informar e interessar os pais do ponto de vista científico, dando fundamento e credibilidade às nossas práticas e conhecimentos.
No início do ano lectivo, existem também alguns instrumentos essenciais que nos ajudam a tomar conhecimento dos pais e crianças, como por exemplo, entrevistas, questionários, ou outra informação escrita pertinente.
É também muito importante que ao longo do ano, os pais possam ir acompanhando o trabalho que se vai desenvolvendo na instituição, sendo que os profissionais devem possibilitar esse acesso à informação, de forma a envolver os pais na vida activa e social da instituição.
Zabalza (1998), afirma que o trabalho com as famílias e a comunidade, deve ser incentivado no sentido de funcionar como uma escola aberta, onde as famílias devem fazer parte dos objectivos, de maneira a melhorar o trabalho desenvolvido pela escola.
“As crianças aprendem a valorizar as suas experiências familiares e as dos outros quando os professores constroem relações fortes com os pais e incorporam os materiais e as actividades da vida familiar no contexto pré-escolar.”
(Hohmann e Weikart, 1997, p.98)
Já a abertura à comunidade deve ser vista como um importante centro formativo, uma vez que, dispõe de meios que podem ser canalizados como suporte para o enriquecimento do trabalho de sala e com as famílias. A própria escola deve sair para conhecer e explorar a comunidade, pois são importantes recursos que devem ser tidos em conta, pela sua proximidade e disponibilidade.
“A comunidade é tanto mais utilizada eficazmente pelas crianças quanto mais a escola a encarar como um recurso educacional.”
(Magalhães, 2007, p.55)
Nunca o trabalho de equipa pode fazer sentido, se a mesma não obtiver o “feedback” dos pais, que são também eles
agentes educativos, e que tanto ou mais que nós, educadores, sabem o que é melhor para os seus filhos.
É importante ouvi-los, no sentido não só de escutar as suas críticas ou elogios, pois far-nos-ão perceber o que e como podemos melhorar, o que é que funciona melhor ou pior, e tudo isto numa procura constante de sucesso e melhoramento das nossas práticas.
“Aproveitar o tempo em que os pais vão largar ou buscar as crianças à escola para conversar um pouco com eles é uma excelente forma de ajudar a construir relações positivas e confiantes entre todos.”
(Hohmann e Weikart, 1997, p.119)
Os pais têm poder e nós educadores, temos que condicionar esse poder e as suas intervenções, como estratégias que podem ser utilizadas nas nossas práticas, não só no trabalho com as famílias, mas também na nossa acção educativa.
“A família e a instituição de educação pré-escolar são dois contextos sociais que contribuem para a educação da mesma criança; importa por isso, que haja uma relação entre estes dois sistemas.”
(Ministério da Educação, 1997, p.43)
O envolvimento das famílias no ambiente de aprendizagem deve ser visto como uma estrutura que permite a compreensão das crianças.
“A escola deve apoiar-se nas experiências vividas pela criança no seio da família e crescer gradualmente para fora da vida familiar;… É tarefa da escola aprofundar e alargar os valores da criança, previamente desenvolvidas no contexto da família.”
(Hohmann e Weikart, 1997, p.99)
Para finalizar, cito alguém que tanto fez pelos outros e inspirou muitos pelos seus ideais, aqui ficam as palavras de Martin Luther King (s/d): “Não é possível «fazer crescer» pessoas sem alimentar as suas raízes. Não podemos guiá-las em direcção ao futuro sem valorizarmos o seu passado.”
Esta é uma mensagem que não podemos ignorar, pois nós enquanto adultos, e profissionais educadores, que hoje somos ou seremos, o passado existe e pode não ou não ser determinante para o que hoje somos. Para aqui chegarmos, não há presente sem passado, nem haverá futuro sem presente. E as crianças antes do seu presente, onde nos conhecem hoje, também tiveram um passado, tal como nós, e aí maioritariamente passaram-no com a sua família.
Daí, a importância da valorização do passado das crianças e das suas famílias que pertencem ao seu passado, presente e futuro.


Referências Bibliográficas:


- Apontamentos e fotocópias facultadas pelas professoras no decorrer das aulas de Teoria e Prática do Currículo II (2008/2009) e Prática Pedagógica e Seminário de Acompanhamento II (2009);

- Hohmann, M; Weikart, D. (1997). Educar a Criança. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian;

- Informações e documentos facultados pela educadora cooperante (Projecto Pedagógico da Escola, Plano Anual de Actividades e Projecto Curricular da Sala 2 – 2008/2009);

- Magalhães, M. (2007). Modelo de Colaboração Jardim-de-Infância/Família. Lisboa: Instituto Piaget, Horizontes Pedagógicos;

- Ministério da Educação. (1997). Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar. Lisboa: Departamento da Educação Básica, Núcleo de Educação Pré-escolar;

- Santos, B. (2007). Comunidade Escolar e Inclusão - Quando todos ensinam e aprendem com todos. Lisboa: Instituto Piaget, Horizontes Pedagógicos;

- Zabalza, M. (1998). Qualidade em Educação Infantil. Porto Alegre: Artmed.

Sem comentários:

Enviar um comentário